segunda-feira, 27 de junho de 2011

Crise da GRÉCIA

Até o investidor menos atento ao mercado já deve ter lido nos jornais que “os mercados acionários caíram devido à crise da dívida da Grécia”. Mas que crise é essa? Qual a relação da crise da Grécia com os problemas dos demais países da Zona do Euro? Vamos voltar no tempo, para entender o início desta longa história!

O governo grego, na última década, gastou mais do que tinha de receita, com crescentes gastos públicos e forte elevação dos salários do setor público (quase 100%). Como qualquer agente econômico que gasta mais do que arrecada, para fechar a conta é necessário recorrer ao mercado para se financiar. Tamanho é o descasamento entre receitas e despesas que a Grécia chegou a um déficit orçamentário de 13,6% do PIB em 2009, muito acima do permitido para um país membro da Zona do Euro.

Com a crescente dívida e falta de perspectiva para o equacionamento das contas públicas, os investidores passaram a exigir maiores taxas de juros para financiar a dívida grega. Com o aumento das incertezas e o temor de um alastramento para outros países também com problemas, começaram as discussões para buscar uma solução para o governo grego. Após muitas possibilidades discutidas, a União Europeia (UE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) chegaram a um pacote no valor de € 110 bilhões, para o país cobrir o vencimento de dívidas até 2012.

Entretanto, como contrapartida para a liberação do empréstimo, o Governo se comprometeu a implementar duras reformas, que têm enfrentado forte resistência popular. Cortes de gastos, congelamento de salários, aumentos de impostos, entre outros, são medidas impopulares, em um país com taxa de desemprego de 15,9%, conforme dados do primeiro trimestre da agência nacional de estatísticas.

A moeda única da Europa impede uma melhora financeira da Grécia, em visto que medidas cambiais para dar fôlego e aumentar a competitividade não podem ser feitas, porque a Grécia está amarrada ao euro. Além do mais, o País depende econômica e financeiramente da Zona do Euro e não pode se desvincular-se desta área comum, como um passo de mágica, sem implicações políticas e financeiras.

Socorrer a Grécia de um calote é prioridade para evitar um pânico financeiro similar ao ocorrido com a quebra do Lehman Brothers, em setembro de 2008. As potências da Europa e a própria existência do euro dependem desta ajuda, em visto que o País poderia levar ao buraco seus vizinhos Portugal, Irlanda e Espanha, que vivem hoje uma enorme fragilidade econômica e ainda sem solução de curto prazo.

Outros países, como EUA, Alemanha, França, além de FMI e BCE, também registrariam volumosas perdas. Os bancos franceses e alemães possuem mais de US$ 900 bilhões em dívidas da Espanha, Grécia, Portugal e Irlanda, os bancos portugueses são proprietários de mais € 7 bilhões de dívidas gregas e os bancos da Espanha possuem cerca de um terço da dívida portuguesa. Não podemos esquecer que há ligação sistêmica entre esses países e outras nações, fora do círculo europeu, como, por exemplo, China e Estados Unidos, que são grandes financiadores de países como Portugal e Espanha.

Nesta semana o governo da Grécia obteve um voto de confiança do parlamento para evitar o calote da dívida do país, o que trouxe certo alívio para o mercado acionário internacional. As medidas de austeridade fiscal ainda não foram apresentadas e serão votadas dentro de alguns dias, o que traz um desafio ao primeiro ministro grego. O pacote ambicioso inclui cortes de salários, privatizações e alta de impostos.

A Europa está se esforçando para evitar um “default” grego, de forma a manter a unidade da Zona do Euro e a relativa confiabilidade da moeda. A forma para se administrar estes problemas das dívidas encontra divergências, principalmente entre França e Alemanha, mas o grande temor do mercado é de que mesmo essa atitude de ajuda possa fracassar e apenas postergar uma crise maior.

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